sexta-feira, 29 de abril de 2011

O dia-a-dia no convés

A Marinha do Brasil é hoje considerada a terceira maior potência naval do mundo, somos um orgulho da nação.  Essa é a visão de quem está de fora. Por sermos na maioria negros ou mulatos, nós marinheiros de baixa patente, somos punidos da mesma forma que os antigos escravos eram castigados até antes da criação da lei Áurea. Quando viajamos nesses barcos não ficamos apenas no Brasil, ao partir para outros portos, descobrimos que nossos  semelhantes não sofrem castigos corporais e são bem-tratados. Aqui, para as faltas leves, prisão a ferro na solitaria, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo. Já na Inglaterra a chibatada foi abolida há muitos anos. Quando algum de nossos oficiais se manifesta contrariamente, não é dada a devida atenção e o máximo que consegue é uma dura punição. Por que no Brasil esse tipo de coisa ainda não foi extinta? Como nós podemos denunciar essa situação? Algo tem que acontecer.


Referência bibliográfica: http://www.educacional.com.br/reportagens/revolta-chibata/parte-01.asp / http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=2896 / http://www.projetomemoria.art.br/JoaoCandido/biografia15.html
 

4 comentários:

  1. Baía de Guanabara,15 de novembro de 1910.

    Caro marinheiro,

    Sou como vossa senhoria, mais uma marinheiro injustiçado pelo péssimo sistema militar que permeia nossa nação, e não pude deichar de notar sua reais insatisfações quanto as punições que sofremos.
    Saibas tú que nãos estás sozinho, nós marinheiros devemos nos unir e promover um fim em toda essa repugnância, pois o porque desses tratamentos antiquados ainda prevalecerem em nosso país, eu de fato não sei, contudo, sei como podemos contornar essa situação. E por tal motivo, lhe convoco a participar do levante que estou organizando no encouraçado Minas Gerais. Una-se a nós, e vamos juntos construir uma Marinha mais justa!

    Almirante Negro.

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  2. Caro companheiro,
    Faço de suas palavras, as minhas. É impressionante como a força naval deste país se encontra tão atrasada. É uma vergonha diante das outras marinhas, falarmos que ainda são impostas punições tão severas como chibatadas e abstenção de comida à nossa classe. Como resolver isso se não com uma revolta armada? Simples palavras não bastariam diante de um governo tão hostil.

    APOIO TOTAL!

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  3. Sr. Marinheiro,
    Seu texto me despertou, ainda mais, a vontade de ir atrás de meus direitos, que também são seus e de todos os marinheiros brasileiros. Sinto mais vergonha do que dor ao levar chibatadas, pois sei que esse problema faz o Brasil parecer um país inabitável diante de outros países corretamente regrados. A revolta é necessária, acordos verbais não serão suficientes.

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  4. Companheiros,
    A Revolta está próxima, devemos nos unir para lutar contra este governo que só nos dá chibatadas por coisas tāo simples. Às vezes penso que alguns nos dão chibatadas só por prazer e para mostrar quem está no comando. Isto é lamentável meus caros, mas com garra nós venceremos.

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