quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Carta ao Presidente da República

Como líder da Revolta, tive que mostrar o nosso lado para as autoridades e para todo o povo brasileiro, então escrevi esta carta que colocarei logo abaixo. Fui bem objetivo quanto aos pedidos, que todos os marinheiros achavam dignos de serem aceitos, e dei um prazo nāo muito longo para o Presidente pensar, afinal ele deveria se sentir pressionado. Para isso, estávamos contando com o apoio de todos os brasileiros que tem amor por outros seres humanos, muitos nem sabiam dessas atrocidades que éramos submetidos e assim que soubessem deveriam ter compaixão pelos marinheiros e apoiarem juntamente conosco nessa Revolta.



Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910

Il.mo e Ex.mo Sr. Presidente da República Brasileira

Cumpre-nos comunicar a V. Ex.a, como Chefe da Nação brasileira:

Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo.

Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais têm sido os causadores da Marinha brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Ex.a faça aos marinheiros brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir à Nação brasileira. Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não têm competência para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha.

Tem V. Ex.a o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada.

Bordo do encouraçado São Paulo, em 22 de novembro de 1910.

Nota: Não poderá ser interrompida a ida e volta do mensageiro.





Fonte: http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.php?titulo=revolta-da-chibata-carta-dos-marinheiros-1910
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/revolta_chibata.htm

2 comentários:

  1. Quando ingressam na marinha, estão, automaticamente, de acordo com as regras da corporação. Quem as descumpre, merece ser punido! Larguem suas armas, as revoltas continuarão sendo reprimidas!

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  2. Jamais desistiremos! Batalharemos em quanto houver um único marinheiro desrespeitado! Como o senhor ousa dizer que ao entrarmos na Marinha, sabíamos que qualquer tipo de erro seria punido com chibatadas? Vós acha isto realmente correto?! Inacreditável... e pelo visto eu devo estar muito enganado mesmo, pois pelo o que parece não estou entrando em um navio e sim, em um senzala!

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